Capitulo 04: O discipulado e a cruz.
Partimos do pré suposto de que não poderá haver discipulado se ignorarmos o sofrimento e a rejeição de Cristo no calvário. Jesus Cristo quando decidiu morrer por toda a humanidade, contabilizou todo sofrimento que a via Crucis o faria passar, mesmo assim, se manteve firme na dor do processo até se completar sua carreira na terra.
O processo de sofrimento e rejeição que a igreja de Jesus está sujeita, não pode ser tratado como uma graça barata. A igreja, que somos nós, que não se submete a este processo no discipulado com o Senhor, jamais poderá ser chamada de igreja, pois não esta sujeita ao senhorio de Cristo. O selo do discipulado reside no fato dele se submeter a rejeição e a crucificação com Cristo todos os dias. Ainda que pareça ser algo duvidoso ou maluco até, o verdadeiro discípulo estará disposto a atender prontamente o chamado do seu mestre, e o fará de forma voluntária, desprezando toda e qualquer outra oferta mais generosa.
A abnegação, como forma de sacrifício ou como um ato de deixar de lado os seus próprios interesses para viver os interesses de outrem, talvez seja a forma mais contundente de compreendermos a relação entre o discipulado e a cruz. O sofrimento da cruz não nos remete a uma tragédia, mas ele é o produto final para aqueles que decidiram dedicar suas vidas a caminhar debaixo do temor a Deus. Abrir mãos de nossos próprios interesses para viver os dEle, não é tarefa senão para discípulos ousados, pois como disse o apóstolo João 3.30: ”É necessário que ele cresça e que eu diminua”.
Para que possamos ter a certeza de que estamos unidos com Cristo, precisamos estar certos da cruz que estamos carregando, pois cada um de nós tem a sua cruz para carregar. A cruz de Cristo é uma só, porém ela pode se tornar demasiadamente pesada para uns, e leve para outros, tudo vai depender do encargo que cada discípulo carrega. Então o discípulo poderá ter a honra de um mártire, carregando uma cruz leve, enquanto que outros levaram sobre seus ombros o peso de serem meros coadjuvantes na historia. Em ambas as situações, tanto um como outro, estão debaixo da graça e misericórdia do Senhor.
O discípulo é aquele que, como Paulo, carrega consigo as marcas que a propagação do evangelho lhe proporcionou. Neste processo de sofrimento, constrangimento e dor, as cicatrizes apontam para feridas que sofremos na jornada, bem como, nos faz lembrar a necessidade de perdoar aos que nos feriram. O perdão é a única maneira para que possamos continuar nossa peregrinação rumo a comunhão com Cristo Jesus. A medida que formos liberando o perdão, o caminho da cruz vai ficando mais significativo para nós e o sofrimento de Jesus mais relevante e esperançoso.
Martin Lutero na Confissão de Augsburgo definiu a igreja como sendo a comunhão daqueles “que são perseguidos e torturados por causa do evangelho”. Portanto, se unir a Cristo é assumir a angústia da perseguição e fazer isso debaixo de uma perspectiva de salvação, de graça. A nossa única possibilidade de vencermos o sofrimento é assumindo a nossa cruz, pois a cruz de Cristo foi e continua sendo, sinônimo de luta, mas também de vitória.
A palavra de Deus diz em Isaias 53.5: “Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados”. O sofrimento que no Senhor estivermos passando, precisa ser suportado, para que então seja superado. Você só consegue superar aquilo que você suporta. Então meu irmão, ainda que seu fardo esteja pesado, ainda que este levante que veio sobre você seja extremamente desagradável, como um bom discípulo, seja resiliente e suporte.
O caminho pode ser difícil, as pessoas podem não querer cooperar consigo, quem sabe não haverá recursos suficientes para a conclusão do projeto, mas se você foi ordenado por Cristo para caminhar ao seu lado, seu sucesso já está garantido.
“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não temeremos, embora a terra trema e os montes afundem no coração do mar, embora estrondem as suas águas turbulentas e os montes sejam sacudidos pela sua fúria. Há um rio cujos canais alegram a cidade de Deus, o Santo Lugar onde habita o Altíssimo. Deus nela está! Não será abalada! Deus vem em seu auxílio desde o romper da manhã”.
Salmos 46. 1-5.
Pastor Sênior da Comunidade Cristã MARALTO