Capítulo 05- O discipulado e o indivíduo.
Como igreja todos nós somos chamados por Deus para vivermos a coletividade da vida cristã. Todavia, o chamado de Jesus para o discipulado torna o discípulo um indivíduo, um indivíduo capaz de decidir, de tomar decisões e que precisa fazer isso sozinho. Jesus nos chama para um discipulado onde não poderemos entrar carregando nada nem ninguém, é somente nós e Ele, “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.26).
O aceite para o chamado ao discipulado requer do discípulo o rompimento com as coisas deste mundo. Este aceite não tem nada a ver com um legalismo barato, mas uma resposta sincera e realista para caminhar lado a lado com o Cristo vivo. Jesus passa a ser, a partir deste sim, o único mediador desta aliança, suportando nele mesmo toda a autoria da criação divina, “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1.3). Desta forma, somente será possível rompermos com as alianças feitas no plano mundano, quando reconhecermos Jesus Cristo como mediador entre Deus e os homens e também entre os homens e outros homens.
O discípulo necessita compreender muito bem a Palavra do mediador, para então se posicionar adequadamente nas suas relações com o kosmos. Se antes ele tinha uma relação ilusionista direta sem mediador com o mundo, agora tendo Cristo como mediador, seu comportamento social, familiar, conjugal e demais, estão baseados na perspectiva de fé e confiança naquele que é a Palavra encarnada, “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus” (João 1.1). É está perspectiva de fé e confiança no único mediador, que faz do discípulo uma pessoa altruísta, que está sempre disposta a ser protagonista da graça e da misericórdia de Deus.
Receber a redenção dos nossos pecados só é possível para aqueles que entenderam a mediação sofrida por Jesus na cruz do calvário. Jamais entenderemos as difíceis relações que temos com nossos irmãos, sejam eles de fé ou não, relativizando o sofrimento de Cristo na cruz. Não existe caminho direto entre Deus e os homens se não perpassar pela pessoa de Jesus Cristo. Ele sendo o mediador nos apresentará o caminho do perdão e da reconciliação. Alcançaremos a tão esperada graça divina na reconstrução dos relacionamentos terrenos, quando acessarmos veemente a estrada da oração intercessora, o poder da oração conjunta nos levará a vivermos uma comunhão mais autêntica.
Não poderá haver conhecimento verdadeiro das bem aventuranças de Deus se não houver relacionamento com o grande mediador. Abrão experimentou isso quando Deus lhe pediu seu único filho, o filho da promessa. Abrão precisou romper com toda a sua parentela, com os seus egoísmos e com todo sistema religioso que ele estava profundamente comprometido, para se render ao único que seria capaz de mediar aquela enigmática missão de sacrifício. Logo após ter realizado o sacrifício, Abrão desce o monte com seu filho Isaque, porém uma novidade de vida os foi proposta a partir daquele episódio. Tendo Jesus como o seu mediador, a relação entre pai e filho os levou a uma outra dimensão espiritual, uma relação onde os dois indivíduos foram marcados por um chamado ao discipulado do Deus provedor.
Ser um discípulo de Jesus, com certeza, não deve ser uma tarefa fácil de aceitar. Contudo, para ser um discípulo fiel, assim como o próprio Cristo se tornou na cruz, algumas características nos são desejáveis, são elas: compreender a seriedade do chamado ao discipulado com Cristo, a incapacidade se tornar um discípulo por vontade própria, e mesmo diante de tantas perseguições, permitir que a presença dele seja suficiente para seguirmos adiante na nossa jornada terrena.
“Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?”
(Romanos 8. 31-32).
Pastor Sênior da Comunidade Cristã MARALTO